domingo, 26 de fevereiro de 2012

Crónica: A emancipação feminina

O conjunto de crónicas que agora se inicia terá como tema uma breve análise da história da emancipação feminina. Sem caráter de tese, oxalá possa contribuir para a demonstração do papel ativo da mulher na luta pela sua autonomia, bem como da consciencialização da sua importância no mundo em que ela (sobre) viveu.

A condição feminina antes do século XIX




Ela é um animal mais orgulhoso do que o leão, mais lascivo do que o macaco, mais venenoso do que a víbora, mais falso e enganador que a sereia. Ela é a perda do homem, uma besta insaciável, uma guerra perpétua, uma ruína contínua, uma casa de tempestade, um obstáculo digno de piedade.

      Richardson, pregador do século XVI


Certo é que só a partir do século XIX – século de afirmação burguesa e industrial – se iniciou a acão reivindicativa da mulher com a sua entrada no mundo do trabalho e da política, passando inclusivamente a votar. 
Contudo, para se compreender a luta feminina pela sua liberdade e autonomia, necessário se torna, uma breve descrição do modus vivendi da mulher nos séculos anteriores, segundo uma longa tradição europeia que vigorou até ao século referido.
Até ao século XIX, podemos, pois, considerar que a mulher foi sempre relegada para segundo plano no campo familiar e social, vendo a sua humanidade anulada e condenada ao silêncio, numa espécie de neoescravatura. Vai-se gerando, assim, uma mentalidade assente em códigos e proibições religiosas que vão influenciar o modo depreciativo de encarar a mulher.
A sua função limitava-se, de forma sorridente e submissa, ao marido e à educação dos filhos. Os seus interesses e vontades eram ignorados e a sua esfera de ação resumia-se às tarefas domésticas, afastada da acão concreta, útil e utilitária da vida pública e social.
Vivia-se, logicamente, numa sociedade patriarcal em que a mulher estava sob a tutela do marido, sem direito à educação ou à gerência dos seus próprios bens patrimoniais.
A natureza física e inteletual da mulher eram consideradas inferiores à masculina, sendo-lhe negado o acesso a profissões e lugares reservados somente aos homens.
Em suma, a mulher era considerada um objeto que tinha como únicas utilidades parir, criar e educar.
  

Henrique Monteiro
Prof./Editor/Escritor

Até breve...
Augusta.

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