“Não se nasce mulher,
torna-se mulher”.
Simone de Beauvoir
O movimento de emancipação feminina, entre as décadas de 60 e 80, caracterizou-se pela continuidade da luta feminina. Se, nas décadas anteriores, esta luta incidiu na conquista de direitos políticos como o sufrágio, agora luta-se, fundamentalmente, pela completa igualdade entre os sexos e o fim da discriminação.
Esta luta resulta não só do progresso educativo das mulheres ao longo do século XX, mas também pela consciencialização da falta de autonomia individual à sua condição de cidadãs, que lhes era conferida pela lei, situação agravada pela desmobilização masculina após 1945. Assim, a ideia de que a função feminina se esgotava em cuidar dos filhos e do lar foi veementemente criticada.






A frase “Libertação das Mulheres”, usada pela primeira vez nos Estados Unidos em 1964, e surgida na revista Ramparts em 1968, tornou-se fundamental para todo o movimento feminista. Este estende-se a mulheres que desejam trabalhar, sustentarem-se e serem respeitadas com igualdade de capacidade.
Também Carol Hanisch foi uma eminente figura feminista americana, pertencente a dois grupos caracterizados pela sua ideologia radical: o New Radical Women e o Redstockings.
Foi líder do movimento feminista de protesto contra o concurso de Miss América em Atlantic City , em 1968. Com o objetivo de acabar com a exploração comercial contra as mulheres, as ativistas aproveitaram-se do concurso que era visto como algo arbitrário e opressor em relação às mulheres. Assim, no chão da avenida de Atlantic City, espalharam sutiãs, sapatos de salto alto, pestanas postiças, sprays de laca, maquilhagens, revistas, espartilhos, cintas e outros, que simbolizavam “objectos da tortura feminina”, perturbando também o decorrer do desfile com a exibição de cartazes onde se lia “Libertação da Mulher!" e "No More Miss América”
Carol Hanisch escreveu o artigo sobre este acontecimento “Que pode ser aprendido: A Crítica do Protesto Miss América”, divulgado nos media internacionais, mostrando que um movimento de libertação feminina estava em andamento.
Em 1969, publica um ensaio intitulado “ O Pessoal é político” onde “numa linha pró-mulher” defende que as mulheres são pessoas realmente puras e, como povo oprimido, devem agir para desenvolver meios de sobrevivência inteligentes e unitários. O título deste ensaio acabou por se tornar slogan encorajador das mulheres no sentido de se politizarem e combaterem as estruturas sexistas de poder.
Nos anos 70, o movimento feminista americano centra-se em reivindicações de mudanças legislativas ligadas aos movimentos liberais e na politização das mulheres na busca pela sua realização pessoal, defendida pelos movimentos radicais.
Para a concretização dos ideais feministas destas décadas contribuíram as reflexões e investigações de carácter inovador que surgem nos meios académicos mais avançados dos Estados Unidos da América e do Reino Unido.
Também, em vários países, a criação de organismos governamentais contribuem para a concretização dos direitos da mulher, bem como, internacionalmente, as Nações Unidas promovem a realização de conferências mundiais para a sensibilização pública e governamental dos direitos femininos:
· A Assembleia Geral da ONU proclamou que 1975 seria o Ano Internacional da Mulher.
· A ONU promove a I Conferência Mundial sobre a Mulher, em 1975, na Cidade do México. Na ocasião, é criado um Plano de Ação.
· É criado pelas Nações Unidas, em 1985, o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem).
Nos anos 80, surgiu uma reação contra o feminismo por parte dos media, literatura e cinema, justificada pela inutilidade do feminismo face à existência de leis defensoras dos direitos da mulher, bem como por uma sociedade que se sentia ameaçada pela autonomia e poder alcançados pela mesmas. O antifeminismo desta década repercutiu-se ainda em manifestações violentas contra as mulheres contestatárias, sendo exemplo o Massacre da Escola Politécnica de Montreal, em 6 de dezembro de 1989, Canadá, desferido por Marc Lépine. No total, 14 estudantes do sexo feminino morreram e 13 foram feridas.
Augusta.
Henrique Monteiro
Prof./Editor/Escritor
Até breve...Augusta.