domingo, 4 de setembro de 2011

Crónica: A Evolução do Vestuário... o Vestuário nas três primeiras décadas do século XX... 1ª Parte - de 1900 a 1914

No século XX, métodos cada vez mais avançados utilizados na produção industrializada de vestuário levaram a que este fosse produzido em massa. As roupas, estando prontas para serem usadas, tornaram-se mais baratas e acessíveis. Isto permitiu que a moda feminina variasse mais do que nunca.

O período de 1900 a 1914 caracterizou-se pelo viver bem, pela ostentação, pelo luxo e extravagância da classe alta. Paris continuava sendo o centro da alta-costura e os seus famosos costureiros determinavam a moda a seguir. Os seus ateliês eram frequentados pelas aristocratas, pela alta burguesia e atrizes, ostentando nas suas roupas o luxo e riqueza que possuíam. 
A moda feminina, na primeira década do século XX, caracterizou-se pela elegância, pelo exagero e ostentação representadas por linhas curvas graciosas e exageradas, pelo volume excessivo, pelas rendas, pérolas, plissados, bordados, lantejoulas, flores, rufos e outros ornamentos.


A mulher, no início da década de 1900, usava como roupa interior o chemise e calções de algodão. Por cima destas peças, usava o espartilho que definia a forma, a postura e as linhas das roupas exteriores. O ideal de beleza era as formas arredondadas, seios e quadris volumosos, e estas foram ressaltadas nas curvas femininas pelo espartilho, exageradamente apertado, que forçava o corpo a apresentar uma cintura de 40 cm e a assumir uma silhueta em forma de ampulheta ou curva em "S".
Embora já não se usasse a armação de cauda ou tournure, os vestidos e saias feitos de cetim, musselina, linho, algodão, sedas, veludos, lãs e rendas em que predominavam as cores claras como o pastel com adornos em branco e creme e outras cores variadas, como verdes e azuis em tom claro, e em situações de luto o roxo, o preto e o cinza, continuavam compridos, com volume por meio do exagero de tecidos e pela saia apresentar uma forma de sino ou tulipa, abrindo-se na altura das coxas para baixo, cobrindo os pés. A “saia funil” muito ajustada atrapalhava até mesmo os passos das mulheres da época.
As blusas eram enfeitadas com pregas e entremeios. As golas eram altas e trabalhadas e os decotes fechados.
Usava-se muito o corpete que era ajustado e o bolero com mangas justas no punho e compridas.
A mulher calçava sapatos de biqueira amendoada e botas de cano curto eram comuns para esconder as canelas. Os chapéus e flores faziam parte dos acessórios que adornavam as cabeças de cabeleira abundante e penteada com corpo e ondulações profundas reunida em um topete.
Outros acessórios eram as luvas, peles, leques e sombrinhas davam o toque final e delicado às mulheres.


A alta-costura da época vestia a elite rica, nobres, realeza e atrizes famosas.


O ingresso das mulheres no mundo do trabalho como governantes, datilógrafas e balconistas levou ao uso de corte masculino para as roupas das jovens. O aparecimento do tailleur, composto pela saia justa e longa e casaco do mesmo tecido completado com uma blusa, foi uma das inovações desta época.
Este visual masculinizado nas roupas femininas surgiu também pelo hábito da prática desportiva. O ciclismo tornou-se um passatempo popular para homens e mulheres, propagando o uso da saia calção.
Como lazer, o banho de mar tornou-se usual. Para esta prática, os trajes usados eram feitos de malha, na sua maioria fios de lã, e uma capa protetora. Normalmente as mulheres usavam meias e sapatos durante o banho de mar.


A mulher ideal da moda do pré-guerra foi a Gibson Girl, criada pelo artista Charles Dana Gibson para estórias ilustradas de várias revistas populares. Este ícone, representado com os braços nus, um decote baixo, o corpo de espartilho e corpetes, vestidos longos, tornou-se o primeiro padrão nacional de beleza feminina.


Mulheres de estilos individualistas procuraram a independência das tendências de moda. Na década de 1910, as curvas exageradas vão desaparecendo, algumas mulheres abandonam o espartilho. Atrevem-se a desafiar os princípios morais, começando a mostrar o corpo. As golas altas dão lugar a sensuais decotes e as saias ficam mais curtas deixando à vista os tornozelos. Os chapéus, “roda de carroça”de diâmetros colossais, foram abandonados um pouco antes da primeira guerra e a silhueta tornou-se mais estreita e esbelta.

Continua...

Henrique Monteiro
Prof./Editor/Escritor

Até breve...
Augusta.

1 comentário:

  1. Texto maravilhoso, faz gosto de ler, possuo um Blog voltado para artes, sendo uma delas plástica, e estou montando uma série de posts com uso de telas à óleo, acrílica e aquarela sobre acessórios do século XIX, e tudo que leio sobre, ajuda a entender melhor a época. Parabéns e obrigada por compartilhar tal texto na internet. Cristiane

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